Bem, desde que iniciei o blog, já falamos de vinhos tintos (a maioria) e vinhos brancos, mas até hoje os espumantes foram injustiçados e pouco lembrados, aparecendo apenas na seção Dicas e Curiosidades do Mundo dos Vinhos. Sendo assim, nada melhor do que começarmos entendendo os processos de vinificação de espumantes, antes de passarmos aos comentários das degustações destes vinhos que possuem um charme a parte.
Primeiro devemos deixar bem claro um fato: Champagne é o vinho espumante produzido na região de Champagne na França. Portanto, somente ele deve ser chamado de Champagne.
Os demais são espumantes - na França crémant, nos EUA sparkling, na Itália spumante (no Vêneto - prosecco), na Espanha são as cavas e na Alemanha sekt.
"Estou bebendo estrelas". Teria dito o frade beneditino Dom Pérignon ao provar o espumante que, segundo a lenda, teria sido por ele inventado. Sem dúvida, ele foi muito importante para o desenvolvimento do Champagne, porém não foi ele o seu criador. Mas, deu a sua contribuição com a idéia de misturar as uvas Pinot Nori, Pinot Meunier e Chardonnay, para melhorar a sua qualidade.
Acredita-se mesmo é que a bebida tenha inventado a si própria, uma vez que as condições da região de Champagne, solo, clima e os próprios vinhos, insistiam em gaseificá-la naturalmente.
Mas, para melhor conhecer os espumantes, temos que entender como são feitos.
Vamos começar então pelo método de vinificação de espumantes conhecido como tradicional, o champenoise, analisando cada uma de suas etapas.
Tudo inicia pela produção do vinho base. As uvas são colhidas, separadas dos engaços (dos cachos) e depois são cuidadosamente prensadas, evitando ao máximo o contato com as cascas e com taninos.
Em seguida, o mosto (suco) extraído das uvas vai para os tanques de aço inoxidável, onde entra em contato com as leveduras naturais (fungos) que iniciarão o processo de fermentação, alimentando-se do açúcar contido no suco e transformando-o em álcool e gás carbônico (que é eliminado - evapora). Todo este processo é realizado mediante rígido controle de temperatura dos tanques.
Após todo o açúcar ser transformado em álcool, está pronto o vinho base. Este é um vinho branco seco, que não contém espuma, uma vez que todo o gás carbônico evapora durante a fermentação.
Então, o próximo passo é engarrafar o vinho base adicionando à garrafa um líquido chamado liqueur de tirage, constituído de açúcar de cana e leveduras selecionadas e diluídas em vinho branco envelhecido. A garrafa é fechada com tampinha de metal, semelhante às de refrigerantes.
A partir daí, o vinho sofrerá um novo processo de fermentação, desta vez dentro das garrafas, que são postas em posição horizontal, em cavaletes denominados pupitres. Como as garrafas estão fechadas, o gás carbônico originado nesta segunda fermentação ficará retido.
Durante 6 a 12 semanas, estas garrafas permanecem nos pupitres, onde diariamente são giradas 1/4 de volta em sentido horário e progressivamente inclinadas até a posição vertical (de cabeça para baixo), de modo que os resíduos das leveduras mortas sejam depositados em seus gargalos (processo conhecido como remuage).
Dégorgement: ao final da fermentação, e ao atingirem praticamente a posição de 90 graus, estas garrafas são retiradas dos pupitres de cabeça para baixo e colocadas em uma solução refrigerante (salmoura) a cerca de -20°C, congelando a parte concentrada em seus gargalos. Daí, as tampinhas são retiradas e os resíduos congelados são expulsos das garrafas pela própria pressão do gás carbônico.
As garrafas são completadas com o liqueur d´expedition, uma mistura de açúcar, champagne envelhecido e, às vezes, uma dose de cognac. A quantidade de açúcar contida no licor de expedição determinará se o espumante será extra-brut, brut, extra-sec, sec, demi-sec ou doux.
Ao final são colocadas as rolhas, as gaiolas (armações de arame que prendem as rolhas), as cápsulas (rotulagem ao redor do gargalo) e os rótulos.
E, para ilustrar a postagem de hoje, o vinho que "apresento" é um clássico da Champagne. Em verdade, o Möet & Chandon Imperial Brut, até dispensa apresentações e comentários. A vinícola (maison) Möet & Chandon é uma empresa integrante do grupo LVMH - Louis Vuitton Moët Hennessy que, desde 1743, produz champagne com sucesso e glamour.
Ficha técnica do vinho
Moët & Chandon Imperial Brut
Safra: Non Vintage
Produtor: Moët & Chandon (LVMH - Louis Vuitton Moët Hennessy)
Região: Champagne (França)
Uvas: Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier
Teor Alcoólico: 12,0%
Amadurecimento: não disponível.
Preço: R$ 210,00 (wine.com.br)
Minhas percepções
Coloração amarelo palha, com reflexos dourados, muito límpido, transparente, muito brilhante e com belíssimo perlage (borbulhas finas e constantes).
Aromas de panificação, maçãs, baunilha, nozes, muito complexo.
Em boca cremoso, intenso, elegante e com muito boa acidez.
Sensacional, incontestável!
Resumindo: divino!
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