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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Dicas e Curiosidades do Mundo dos Vinhos: Potencial de Guarda



A qualidade de um vinho geralmente é associada ao seu potencial de guarda (ou envelhecimento). 
À medida em que o vinho envelhece, a concentração de fruta e os taninos diminuem, enquanto que a acidez e o álcool permanecem constantes. Deste modo, um vinho que apresente mais fruta e tanino do que acidez e álcool, melhora com o tempo.
Quando a concentração de fruta e taninos estão em equilíbrio com a acidez e o álcool, o vinho está pronoto para ser bebido.

Mais um Excelente Concha y Toro

Mais uma vez voltamos ao Chile e para outro magnífico exemplar da Concha y Toro.
O Marques de Casa Concha Cabernet Sauvignon 2009 é também um grande vinho produzido pela CyT no Vale do Maipo.

Como já vimos a história da Concha y Toro na publicação de 23/01/2012, sobre o vinho Gran Reserva Serie Riberas Carmenére, vou apenas fazer uma breve abordagem das características do terroir da região do Vale do Maipo e passaremos à análise do Marques.
Para rever a história da vinícola, basta consultar a postagem do link http://espacodosvinhos.blogspot.com.br/2013/01/um-carmenere-de-classe.html.

O Vale do Maipo é uma das principais regiões produtoras de vinhos do Chile, onde está localizada a capital Santiago. O vale possui um dos melhores vinhedos de Cabernet Sauvignon do Chile e as uvas de origem francesa levadas para o país há muitos anos adaptaram-se muito bem ao seu microclima. 
Com a escassez de chuvas na região, a água utilizada na irrigação das vinhas vem do degelo da Cordilheira dos Andes. O clima seco estimula o desenvolvimento profundas raízes que alcançam o subsolo rochoso. A superfície do solo do vale é formada de argila aluvial, com presença de calcário, possuindo boa drenagem.

Os baixos índices pluviométricos, a grande amplitude térmica e as boas condições de solo, resultam em vinhos bastante cálidos, bem estruturados e com taninos bem maduros.

Ficha técnica do vinho
Marques de Casa Concha Cabernet Sauvignon
Safra: 2009
Produtor: Concha y Toro
Região: Vale do Maipo (Chile)
Uvas: Cabernet Sauvignon (100%)
Teor Alcoólico: 14,5%
Amadurecimento: 18 meses em carvalho francês e mais 18 meses em garrafa

Preço: R$ 80,00



Minhas percepções
De coloração rubi escura e reflexos violáceos, o vinho é brilhante, límpido, com leve opacidade e muitas lágrimas densas.
Muito frutado, com aromas intensos e persistentes de frutos silvestres, pimentão (característico da Cabernet Sauvignon) e madeira.
Em boca, muito encorpado, aveludado, com taninos bem maduros e muito boa acidez. Ácool presente, mas bem equilibrado e macio.
Perfeito equilíbrio entre fruta, álcool, taninos e acidez.
Vinho muito intenso e com final longo.
Muito elegante!


Acompanhou perfeitamente um bom churrasco.

Mais uma beldade da Concha y Toro.



Avaliação Técnica: 100 pontos (EKN) - entenda




terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Dicas e Curiosidades do Mundo dos Vinhos: As Barricas de Carvalho




As barricas de carvalho são utilizadas para a guarda e amadurecimento dos vinhos, embora alguns deles não tenham passagem pelo carvalho. 
As barricas mais utilizadas são de origem francesa ou americana.
Vinhos que estagiam em barricas de carvalho americano apresentam nuances de baunilha, enquanto aqueles com amadurecimento em barricas de carvalho francês apresentam aromas de pimenta-do-reino, canela ou café.
Aromas defumados, coco queimado, torradas, são oriundos da tosta do carvalho, realizada para facilitar o envergamento da madeira na confecção das barricas. A intensidade desses aromas, varia de acordo com o grau de tostagem do carvalho.

Uma Bela Expressão da Toscana

Continuando o passeio pela lista dos melhores custo x qualidade, agora vamos à Itália.
O Chianti Ruffino 2009 é a perfeita expressão da Toscana. 

A Ruffino é uma tradicional vinícola italiana, situada em Florença, na região da Toscana, fundada em 1877 pelos primos Ilario e Leopoldo Ruffino, motivados pela paixão da família pela terra e pelos grandes vinhos italianos. O negócio bem sucedido teve como base a seriedade, o rigor técnico e a pesquisa de qualidade.

Ao longo de toda a sua história, a vinícola Ruffino recebeu inúmeras premiações e seus vinhos sempre tiveram lugar de destaque, ao ponto de ser escolhida em 1960 como a fornecedora oficial da coroa sueca.

Atualmente os vinhos da Ruffino estão presentes em mais de 100 países, no mundo inteiro.

A província de Florença possui um relevo com predominância de morros, colinas e formações montanhosas, com pouquíssimas áreas de planícies. Situada no vale do Rio Arno, possui um clima ameno, com verões quentes e secos, invernos frios e outono caracterizado pela estação das chuvas. As temperaturas médias ficam em torno de 17°C em julho e agosto e 1°C em janeiro.
O solo é arenoso com predomínio de rochas sedimentares e cascalho grosso.

Por suas belíssimas e românticas paisagens, a Toscana já foi cenário de diversos filmes.

A Sangiovese é a uva tradicional da Toscana. Em geral, seus vinhos apresentam coloração clara, corpo leve e  são de fácil apreciação.

Ficha técnica do vinho
Chianti Ruffino
Safra: 2009
Produtor: Ruffino
Região: Toscana (Itália)
Uvas: Sangiovese (90%), Canaiolo e Colorino
Teor Alcoólico: 12,5%
Amadurecimento: em tanques de madeira e inox

Preço: R$ 50,00



Minhas percepções
Coloração rubi bem clara, apresentando certa transparência, bastante brilho e limpidez.  Lágrimas finas e leves, compatíveis com o seu teor alcoólico e leve corpo.
Aromas razoavelmente intensos e razoavelmente persistentes de compota de frutas, alcaçuz, passas, com leve defumado. Vinho frutado.
Em boca, apresenta corpo leve, boa fruta, pouco tânico, álcool bem leve e muito boa acidez.
Bom fim de boca, embora não muito persistente.
Bem equilibrado e fácil de beber.
Assemelha-se em leveza a um Pinot Noir.




É uma ótima opção de vinho para acompanhar massas com molhos leves e até com molho ao sugo, em razão de sua boa acidez.

Muito boa compra!



Avaliação Técnica: 90 pontos (EKN) - entenda




domingo, 27 de janeiro de 2013

Dicas e Curiosidades do Mundo dos Vinhos: As Rolhas



O sobreiro é a árvore da qual se extrai a cortiça. Dura mais de 100 anos, no entanto, sua primeira colheita é permitida somente após completar 25 anos. Nessa época a casca é arrancada, estocada por seis meses e depois fervida por uma hora e meia. Na sequência, a cortiça descansa por mais três semanas e só então as peças cilíndricas que formam as rolhas são cortadas. É preciso esperar por mais 9 a 10 anos para que a casca cresça novamente e outro descortiçamento possa ser feito. E essa é uma das razões que levaram os produtores a buscarem alternativas para substituir a rolha de cortiça (a rolha sintética e a tampa de rosca). Embora sem o mesmo glamour da cortiça, a tampa de rosca é mais barata, fácil de descartar e comprovadamente capaz de preservar o vinho por 20 anos ou mais.

Um Brasileiro com Jeitinho Português

De volta ao Rio Grande do Sul, mas seguindo agora para a Campanha Gaúcha, encontramos um fantástico exemplar da Miolo que me surpreendeu muito quando o degustei pela primeira vez.

O Quinta do Seival Castas Portuguesas 2006 é um grande vinho da Miolo.

Para evitar ser repetitivo, não falarei novamente aqui sobre a história da vinícola, limitando-me apenas às características da região onde o vinho é produzido.
Caso alguém queira saber um pouco mais sobre a Miolo, basta visualizar a publicação de 26/01/2013, acessando o link abaixo.
(http://espacodosvinhos.blogspot.com.br/2013/01/um-nacional-que-merece-muito-respeito.html)

O Castas Portuguesas é produzido pela Miolo na Campanha Gaúcha, no projeto Seival Estate, instalado na Estância Fortaleza do Seival, no município de Candiota (divisa com o Uruguai).
O vinho é classificado pelo próprio produtor como um Super Premium, que ocupa a quinta faixa da pirâmide de avaliação, sendo superado apenas pelos vinhos classificados como Ultra Premium e Ícone da vinícola.


fonte: http://www.miolo.com.br/vinhos/seival_estate/


O clima da região é temperado, com verões quentes e secos, registrando média anual de chuvas de 1.370 mm.
Seus solos de origem sedimentar, de textura média a arenosa, pobres em matéria orgânica, de grande profundidade, com muito boa drenagem e irrigados naturalmente pelas chuvas, exigem da videira um bom esforço para a obtenção de nutrientes. O resultado são plantas com produção equilibrada e frutos com boa concentração de açúcar.

Esse terroir permite a produção de vinhos bem encorpados e intensos, como o Castas Portuguesas, um blend das uvas Touriga Nacional e Tinta Roriz, ambas originárias de Portugal, como o nome já sugere.

Ficha técnica do vinho
Quinta do Seival Castas Portuguesas
Safra: 2006
Produtor: Miolo Wine Group - Seival Estate
Região: Campanha Gaúcha (RS)
Uvas: Touriga Nacional e Tinta Roriz
Teor Alcoólico: 13,5%
Amadurecimento: 12 meses em carvalho francês. 

Preço: R$ 55,00 (www.loja.miolo.com.br)

O produtor aconselha decantá-lo por cerca de 1 hora antes de servi-lo, para que seu bouquet seja maximizado. 


Minhas percepções
De coloração rubi escura brilhante e reflexos violáceos, o vinho apresenta boa limpidez e  lágrimas densas (comprova o seu teor alcoólico e bom corpo).
Aromas persistentes e intensos, destacando compota de frutas negras (ameixas), tabaco e defumado. Bem complexo.
Em boca, encorpado, muito intenso, com boa acidez, taninos maduros e álcool equilibrado.
Vinho redondo, elegante e com perfeito equilíbrio de frutas, acidez, taninos e álcool.
Final longo, deixando a boca enxuta.


Acompanhou perfeitamente medalhões de mignon ao molho de quatro queijos e arroz à piamontese.


Belíssimo vinho! 


sábado, 26 de janeiro de 2013

Dicas e Curiosidades do Mundo do Vinho: Taninos



A palavra francesa tan, de origem celta, que se refere à casca de certas árvores, deu origem à "tannin", em francês, por sua vez origem etimológica de "tanino" em português. 
Trata-se de substância adstringente, amarga, da família dos polifenóis, existente nas cascas, folhas e raízes das árvores, de onde é extraída para a curtição do couro.
Sua presença nos vinhos tintos, adstringente e secante da boca, é bastante conhecida e o aroma de couro de alguns vinhos é devido a essa presença.

Um Nacional que Merece Muito Respeito!

Enfim, chegamos ao primeiro vinho nacional da lista dos favoritos custo x qualidade. 

E o meu primeiro contato com o Lote 43 2005 da Miolo, foi no curso de degustação de vinhos do qual participei em março de 2010 na Miolo Wine School no Rio de Janeiro. Lembro-me que na ocasião já havia ficado bastante surpreso com tamanha a qualidade de um vinho nacional. Mas, a degustação que comentarei hoje, foi realizada bem após àquela experiência.

Antes, vamos a um pouco da história do produtor e de sua região, como sempre fazemos.

 A vinícola Miolo situa-se no Vale dos Vinhedos, região localizada entre os municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo, no Rio Grande do Sul, área onde está concentrada a maior parte da produção de vinhos do Brasil e até o momento a única Denominação de Origem (DO) do país.

O clima no Vale dos Vinhedos é caracterizado por dias quentes e noites frescas, no verão, com temperaturas médias de 22°C e variações entre 16°C e 27°C. E é nesta época que ocorre a vindima (colheita), uma vez que as uvas atingem o amadurecimento ideal. No inverno, os dias e as noites são bastante frios, com temperaturas médias de 12°C e variações entre 7°C e 20°C.
A boa amplitude térmica característica da região contribui para o perfeito amadurecimento das uvas.
O índice pluviométrico médio anual é de 450 mm.

O relevo é composto por vales e montanhas e o solo da região é pedregoso e fértil, de formação argilo-arenosa, o que confere aos vinhos tipicidade especial.

O resultado desse terroir é a geração de vinhos encorpados, cálidos, com cores e aromas concentrados.

Foi neste cenário que, em 1897, a família Miolo iniciou a sua produção de uvas, em um espaço de terra denominado Lote 43, adquirido por seu fundador o Sr. Giussepe Miolo, imigrante italiano, vindo da localidade de Piombino Dese, no Vêneto.
Em 1970, a Miolo tornou-se pioneira no cultivo de uvas finas na região, mas, com a crise da década de 80 que afetou as cantinas e prejudicou os negócios, a empresa teve que dar início a produção e comercialização de vinhos próprios, surgindo então a vinícola Miolo.

De lá para cá, a Miolo investiu em tecnologia, métodos avançados de produção, colocou em prática seus planos de expansão, incluindo alianças com outros produtores, e tornou-se um dos maiores produtores de vinhos finos do país.
A Miolo Wine Group possui hoje oito unidades de negócio: Vinícola Miolo, Fazenda do Seival Vineyards, Fazenda Ouro Verde, RAR, Lovara, Viasul, Osborne e Los Nevados (sendo as três últimas internacionais).

Considerado o vinho mais nobre da vinícola, não por coincidência, o Lote 43 foi assim batizado. Sua primeira safra foi 1999 e, recebeu este nome em homenagem ao patriarca da vinícola.
Trata-se de um corte das uvas Cabernet Sauvignon e Merlot, produzido apenas em safras consideradas extraordinárias. As safras produzidas foram 1999, 2002, 2004, 2005, 2008 e 2011 (esta última ainda está repousando nas barricas de carvalho).

Ficha técnica do vinho
Miolo Lote 43
Safra: 2005
Produtor: Miolo Wine Group
Região: Vale dos Vinhedos/Bento Gonçalves (RS)
Uvas: Cabernet Sauvignon (50%) e Merlot (50%)
Teor Alcoólico: 14,0%
Amadurecimento: 12 meses em carvalho americano e francês. 

Preço: R$ 95,00 a R$ 120,00



Minhas percepções
Vinho de coloração rubi escura, límpido, razoável transparência, apresentando lágrimas densas (comprova o seu teor alcoólico e bom corpo).
Aromas muito intensos, complexos, frutados, compota de frutas negras, baunilha, madeira. Muito boa persistência.
Em boca chega doce, bastante encorpado, muito intenso, com muita presença de fruta, muito boa acidez, taninos maduros e álcool equilibrado.
Vinho elegante, com ótima estrutura, perfeita harmonia álcool/acidez/taninos e fim de boca longo.
Degustação realizada em julho de 2011 e harmonizou muito bem com medalhões de mignon ao molho de gorgonzola.


Simplesmente espetacular. 



Avaliação Técnica: 100 pontos (EKN) - entenda





quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Dicas e Curiosidades do Mundo do Vinho: Churchill e Pol Roger


Winston Churchill era fascinado pelo Champagne Pol Roger.
Quando faleceu, em 1965, a família Pol Roger prestou-lhe uma homenagem colocando uma tarja preta de luto em todas as suas garrafas de Champagne destinadas ao Reino Unido por um período de 25 anos.
Churchill dizia
Não posso viver sem Champagne. Na vitória eu o mereço na derrota, preciso dele.

Um Potente Assemblage Chileno

Mais um vinho chileno da lista dos meus favoritos em custo x qualidade. Na verdade, mais um grande vinho. O Almaviva EPU 2007 sem dúvida é merecedor de um espaço neste blog.

Este vinho é resultado de um projeto de parceria entre a Concha y Toro (vide publicação anterior) com a vinícola francesa Baron Philippe de Rothschild, uma das mais conceituadas da terra de Napoleão Bonaparte, que juntas criaram em 1997 a vinícola Almaviva, cujo nome tem origem na comédia da literatura francesa Beaumarchais, onde O Conde de Almaviva era considerado o herói das Bodas de Fígaro (mais tarde transformada em ópera por Mozart).  

A vinícola situa-se na região de Puente Alto (Vale do Maipo), reconhecida por apresentar as condições ideais para a produção dos melhores Cabernet Sauvignon do Chile, onde os solos são pedregosos e muito pobres, o que para as videiras não é nada mau, uma vez que as suas raízes se desenvolvem em busca de nutrientes e a baixa produtividade faz com que suas uvas apresentem excelente concentração. 

O clima da região é caracterizado por invernos muito frios e chuvosos, com dias de verão temperados e longa época de maturação dos frutos, com noites frias, o que permite obter qualidade e equilíbrio das uvas cultivadas e, por consequência, vinhos mais concentrados e complexos.

Ficha técnica do vinho
Almaviva EPU
Safra: 2007
Produtor: Vinícola Almaviva
Região: Puente Alto/Vale do Maipo
Uvas: Cabernet Sauvignon (73%), Merlot (9%), Cabernet Franc (8%), Carmenére (7%), Petit Verdot (3%)
Teor Alcoólico: 14,5%
Amadurecimento: 18 meses em carvalho francês e 3 meses em garrafa. 

Preço: R$ 190,00



Minhas percepções
Coloração rubi escura, límpido, bom brilho, apresentando leve opacidade, com muitas lágrimas densas (potencial alcoólico).
Aromas muito intensos e persistentes de pimentões (Cabernet Sauvignon) e madeira (carvalho).
Em boca, muito encorpado e aveludado, sabores intensos, álcool, acidez e taninos, em plena harmonia. Taninos maduros, embora ainda potentes, mas sem tornar o vinho desagradável. 
Como minha degustação foi realizada em dezembro de 2011, em viagem ao Chile, acredito que este ano 2013, o vinho esteja com taninos mais afinados e ainda melhor na taça.

Vinho acompanhou perfeitamente um bom bife ancho, no restaurante La Hacienda Gaúcha em Santiago.


Ótimo vinho. Também indico.



Avaliação Técnica: 80 pontos (EKN) - entenda




quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Um Carmenére de classe.

Hoje vou falar de um grande exemplar da vinícola Concha y Toro, que tive a oportunidade de degustar em minha última visita a vinícola em dezembro/2011.
Concha y Toro Gran Reserva Carmenére Serie Riberas 2009.

Considerada uma das vinícolas mais conceituadas do Chile, a Concha y Toro foi fundada pelo empresário chileno Don Melchor de Concha y Toro, iniciando o cultivo de uvas de origem francesa em Pirque/Vale do Maipo. Com a sua morte, em 1892, seu filho Juan Enrique Concha Subercaseaux assumiu a gerência da empresa transformando-a em uma sociedade anônima que, por sua solidez financeira, passou a emitir ações na Bolsa de Valores de Santiago, iniciando também as exportações de seus produtos ao mercado europeu.

Entre 1971 e 1998, acreditando no potencial do Chile em produzir vinhos de alta qualidade, a vinícola incorporou tecnologias de ponta, modernizou suas instalações, e imlpantou um plano de expansão, em vigência até os dias atuais, com a aquisição de novos vinhedos (inclusive em outros países-Argentina, por exemplo), aumento da capacidade de operação e adoção de avançados processos de vinificação, além de parcerias com outros conceituados grupos como os Rothschild. Tais medidas foram fundamentais para projetar o crescimento de suas vendas e posicioná-la como uma das principais produtoras de vinhos de qualidade.


Poucos países possuem geografia e clima tão adequados ao cultivo da videira como o Chile. Delimitado pela Cordilheira dos Andes à leste e pelo Oceano Pacífico à Oeste, o país apresenta uma grande diversidade de solos, bem como diferenças climáticas extremas (Patagônia Chilena e Deserto do Atacama).
O Vale do Cachapoal apresenta características únicas, com muito boa amplitude térmica, que confere aos seus vinhos taninos delicados, equilíbrio entre fruta, álcool e acidez, e aromas refinados. 

Devo confessar que sou um pouco suspeito para avaliar os vinhos da Carmenére, por ser um grande admirador desta bela casta, que encontrou no Chile o terroir perfeito para o seu cultivo.

Após quase ser extinta pela filoxera, praga que dizimou grande parte dos vinhedos europeus, a Carmenére foi levada para o Chile, onde, no início era cultivada como Merlot. Mas, em 1994, cientistas descobriram que algumas uvas eram cultivadas equivocadamente como Merlot, quando na verdade eram da variedade Carmenére. 

A Carménère se adaptou muito bem ao clima e aos solos férteis do Chile e obteve muito êxito, sendo considerada uma das uvas mais importantes do Chile por sua qualidade, sabor excepcional e capacidade de expressar perfeitamente o terroir chileno.

Ficha técnica do vinho
Concha y Toro Gran Reserva Serie Riberas Carmenére
Safra: 2009
Produtor: Concha y Toro
Região: Peumo/Vale Cachapoal
Uvas: Carmenére (90%)/Cabernet Sauvignon (10%)
Teor Alcoólico: 14,5%
Amadurecimento: 14 meses em carvalho francês e americano. 

Preço: R$ 72,00 (wine.com.br)

Observação: Vinho recebeu 90 pontos na avaliação de Robert Parker.

Dicas de harmonização: Carnes com boa presença de gordura. Melhor ainda se acompanhadas de molhos agridoces.


Minhas percepções
Coloração rubi escura com reflexos violáceos (alguns traços de jovialidade). Brilhante, límpido, transparente e com muitas lágrimas densas (confirmando o seu alto teor alcoólico).
Aromas marcantes de passas e madeira.
Vinho encorpado, com perfeito equilíbrio álcool, acidez e taninos, embora os taninos ainda estejam um pouco sobressalentes (o vinho ainda evolui - tem potencial de guarda).



Muito bom vinho. Vale a compra! 



Avaliação Técnica: 70 pontos (EKN) - entenda






terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Uma Jóia do Chile

O vinho de hoje, sem sombra de dúvida, briga pela primeira posição de melhor tinto chileno que já degustei.
Trata-se do Santa Rita Casa Real Cabernet Sauvignon 2008.

A vinícola Santa Rita é uma das mais tradicionais do Chile. Fundada em 1880 por Domingo Fernandez, tem sua sede e principais instalações localizadas no Alto Jahuel, na comunca de Buin, região metropolitana de Santiago, embora, também produza vinhos nos vales do Maipo, Rapel, Lontué, Casablanca e Apalta. 

No final da década de 80 e início dos anos 90, a vinícola teve um grande período de expansão, impulsionado pela reputação e sucesso dos vinhos chilenos e pelo crescimento das exportações. Atualmente seus produtos são exportados para mais de 75 países.

Em minha última visita ao Chile, tive o prazer de visitar a Santa Rita e conhecer suas belas instalações, além de trazer algumas de suas preciosidades na mala.



O Casa Real é um vinho produzido pela Santa Rita no Vale do Maipo (Maipo Medio-Alto Jahuel) apenas em anos de safras excepcionais. O solo é considerado jovem, como em quase todo o Chile, tendo como origem o granito e, em regiões mais próximas à Cordilheira, é formado de material vulcânico. As diversidades de solos chilenos, mesmo em áreas muito próximas, dão origem a vinhos muito distintos. Como em geral o PH destes solos é muito alto, os vinhos chilenos tendem a apresentar acidez baixa, entretanto são encorpados e apresentam boa tanicidade.

O clima no Vale do Maipo é quente e seco, registrando de 300 a 450 milímetros de chuvas ao ano, concentradas no inverno. Apresenta boa amplitude térmica, com dias quentes e noites frias, favorecendo o perfeito amadurecimento das uvas.

Ficha técnica do vinho
Santa Rita Casa Real Cabernet Sauvignon
Safra: 2008
Produtor: Santa Rita
Região: Vale do Maipo/Chile
Uvas: 100% Cabernet Sauvignon
Teor Alcoólico: 14,5%
Amadurecimento: 15 meses em barrica de carvalho francês. 

Preço: R$ 330,00 (aqui no Brasil)



Minhas percepções
De bela coloração rubi escura, o vinho apresentou limpidez pura, bom brilho e muitas lágrimas lentas e densas (confirmando em taça o seu potencial alcoólico).
Rico em intensos e persistentes aromas frutados, cassis, passas e baunilha.
Em boca, aveludado, muito intenso e encorpado, com muita presença de fruta, equilibrada pela boa acidez e pelo álcool e taninos, tudo na medida certa e em perfeita harmonia.
Final de boca muito persistente.
Um vinho extremamente elegante e bastante complexo.


A minha grande experiência com este vinho foi no restaurante La Hacienda Gaúcha em Santiago-CH. Foi par perfeito para um belo bife ancho. Harmonização perfeita!

Vinho extraordinário, que está nas primeiras posições de minha lista de preferidos.

Uma obra-prima!



Avaliação Técnica: 100 pontos (EKN) - entenda