E o meu primeiro contato com o Lote 43 2005 da Miolo, foi no curso de degustação de vinhos do qual participei em março de 2010 na Miolo Wine School no Rio de Janeiro. Lembro-me que na ocasião já havia ficado bastante surpreso com tamanha a qualidade de um vinho nacional. Mas, a degustação que comentarei hoje, foi realizada bem após àquela experiência.
Antes, vamos a um pouco da história do produtor e de sua região, como sempre fazemos.
A vinícola Miolo situa-se no Vale dos Vinhedos, região localizada entre os municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo, no Rio Grande do Sul, área onde está concentrada a maior parte da produção de vinhos do Brasil e até o momento a única Denominação de Origem (DO) do país.
O clima no Vale dos Vinhedos é caracterizado por dias quentes e noites frescas, no verão, com temperaturas médias de 22°C e variações entre 16°C e 27°C. E é nesta época que ocorre a vindima (colheita), uma vez que as uvas atingem o amadurecimento ideal. No inverno, os dias e as noites são bastante frios, com temperaturas médias de 12°C e variações entre 7°C e 20°C.
A boa amplitude térmica característica da região contribui para o perfeito amadurecimento das uvas.
O índice pluviométrico médio anual é de 450 mm.
O relevo é composto por vales e montanhas e o solo da região é pedregoso e fértil, de formação argilo-arenosa, o que confere aos vinhos tipicidade especial.
O resultado desse terroir é a geração de vinhos encorpados, cálidos, com cores e aromas concentrados.
Foi neste cenário que, em 1897, a família Miolo iniciou a sua produção de uvas, em um espaço de terra denominado Lote 43, adquirido por seu fundador o Sr. Giussepe Miolo, imigrante italiano, vindo da localidade de Piombino Dese, no Vêneto.
Em 1970, a Miolo tornou-se pioneira no cultivo de uvas finas na região, mas, com a crise da década de 80 que afetou as cantinas e prejudicou os negócios, a empresa teve que dar início a produção e comercialização de vinhos próprios, surgindo então a vinícola Miolo.
De lá para cá, a Miolo investiu em tecnologia, métodos avançados de produção, colocou em prática seus planos de expansão, incluindo alianças com outros produtores, e tornou-se um dos maiores produtores de vinhos finos do país.
A Miolo Wine Group possui hoje oito unidades de negócio: Vinícola Miolo, Fazenda do Seival Vineyards, Fazenda Ouro Verde, RAR, Lovara, Viasul, Osborne e Los Nevados (sendo as três últimas internacionais).
Considerado o vinho mais nobre da vinícola, não por coincidência, o Lote 43 foi assim batizado. Sua primeira safra foi 1999 e, recebeu este nome em homenagem ao patriarca da vinícola.
Trata-se de um corte das uvas Cabernet Sauvignon e Merlot, produzido apenas em safras consideradas extraordinárias. As safras produzidas foram 1999, 2002, 2004, 2005, 2008 e 2011 (esta última ainda está repousando nas barricas de carvalho).
Miolo Lote 43
Safra: 2005
Produtor: Miolo Wine Group
Região: Vale dos Vinhedos/Bento Gonçalves (RS)
Uvas: Cabernet Sauvignon (50%) e Merlot (50%)
Teor Alcoólico: 14,0%
Amadurecimento: 12 meses em carvalho americano e francês.
Preço: R$ 95,00 a R$ 120,00
Minhas percepções
Vinho de coloração rubi escura, límpido, razoável transparência, apresentando lágrimas densas (comprova o seu teor alcoólico e bom corpo).
Aromas muito intensos, complexos, frutados, compota de frutas negras, baunilha, madeira. Muito boa persistência.
Em boca chega doce, bastante encorpado, muito intenso, com muita presença de fruta, muito boa acidez, taninos maduros e álcool equilibrado.
Vinho elegante, com ótima estrutura, perfeita harmonia álcool/acidez/taninos e fim de boca longo.
Degustação realizada em julho de 2011 e harmonizou muito bem com medalhões de mignon ao molho de gorgonzola.
Simplesmente espetacular.
Avaliação Técnica: 100 pontos (EKN) - entenda